segunda-feira, 4 de abril de 2016

Amizade entre animais e humanos traz benefícios

Quando o pequeno Erick Rodrigues, de 5 anos, encontra a cadela Mel pequenos milagres acontecem. Para começar, uma descarga de endorfina. A substância relaxa, aumenta o bem-estar, controla a pressão sanguínea e melhora o sono. A reação é comum às pessoas que têm um animal de estimação, segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge. O mesmo estudo mostra que a maioria dos tutores também desenvolve mais segurança e autoestima. E não são poucos: o Brasil tem a quarta maior população de pets do mundo — 132,4 milhões.

No caso de Erick, a convivência tem reflexos ainda mais especiais. Ele é autista e, apesar de sempre ter feito acompanhamento no Hospital da Criança e na Rede Sarah, além de terapia com psicólogo, tinha dificuldade em apresentar melhora na parte social e até batia nos colegas de escola. "Antes, ele não sabia se envolver com outras crianças, criar um relacionamento de amizade, mas com a chegada da Mel isso mudou", explica Nayara Rodrigues, 19 anos, irmã de Erick. A estudante não imaginava que ganho seria tão grande. A família, inclusive estava proibida de ter animais de estimação, devido a uma alergia de Erick. Mel, porém, seria abandonada nas ruas e isso sensibilizou a todos.

A cadelinha também chegou com problemas de relacionamento, não brincava e não aceitava que ninguém se aproximasse dela, exceto Erick. “Ela chegou bem traumatizada, acredito que já tinha apanhado muito”, supõe Nayara. Hoje, ambos estão mais felizes. "A Mel o entende muito também. Erick está mais tranquilo, se tornou uma criança mais carinhosa, brinca com ela como se tivesse brincando com outra criança", comemora.

O vínculo entre tutores e mascotes é tão forte que, de acordo com pesquisadores da Georgia Regents University e da Cape Fear Community College, se tivesse de escolher entre salvar o próprio cãozinho ou um turista estrangeiro em um ônibus desgovernado, 40% das pessoas afirmaram que salvariam o cachorro. O percentual é ainda maior para mulheres — 45% dariam preferência ao pet. Nesta edição, mostramos como, na verdade, humanos e animais salvam a vida uns dos outros, todos os dias.

As crianças passam algumas horas lendo para os cães, enquanto os animais reconquistam a confiança nos humanos. Foto: Divulgação
As crianças passam algumas horas lendo para os cães, enquanto os animais reconquistam a confiança nos humanos. Foto: Divulgação

Crianças que leem para cachorros
Unindo o útil ao agradável, o Missouri Humane Society criou o programa Shelter Buddies Reading para incentivar crianças que estão aprendendo a ler e adolescentes a exercitar a leitura com animais vítimas de maus-tratos e abandono. As crianças, que tem entre 6 e 15 anos, passam algumas horas lendo para os cães, enquanto os animais reconquistam a confiança nos humanos.

"Começamos isso por duas razões", conta JoEllyn Klepacki, diretora-assistente de educação no Humane Society, ao jornal americano ABC News. “Cães em abrigo exibem vários sinais de ansiedade e estresse e, por isso, queríamos fazer algo para confortá-los. E temos diversas crianças na região envolvidas e elas perguntam: ‘Como posso ajudar? Como posso fazer a diferença?’ Basta fazer um treinamento de 10 horas para aprender a trabalhar com bichos traumatizados.

Cães que farejam câncer
Um estudo da Universidade do Arkansas para Ciências Médicas afirma que, se treinados, cachorros podem detectar câncer de tireoide — Frankie, o cachorro usado na pesquisa, teve uma taxa de sucesso de 88%. Como os cães tem 10 vezes mais receptores olfativos do que os humanos, eles conseguem farejar as substâncias químicas emitidas pelas células cancerígenas.



Menina autista e a gatinha
A história da menina Iris Grace, 6 anos, foi assunto nas redes sociais esta semana. A britânica tem um quadro grave de autismo e os pais receberam a notícia de que, provavelmente, ela nunca falaria ou se relacionaria com pessoas. Mas quando Thula, uma gatinha, chegou em casa, Iris começou a dar ordens para a bichinha. Com o tempo, passou a se comunicar com os pais para dizer o que queria. "Pode ser desafiador, bastante desafiador às vezes. Mas sinto que, se você estimular a criança, trabalhar com as coisas que interessam a ela, verá um progresso, verá mudanças", afirma a mãe Arabella Carter-Johnson

Emoção de mãe
Um estudo de pesquisadores do Hospital Geral de Massachussetts (EUA) descobriu que as reações cerebrais de mães ao olharem para seus filhos e seus cães são semelhantes. Para efeito de comparação, elas olharam também para outras crianças e animais desconhecidos. As áreas estimuladas foram as ligadas as seguintes áreas: emoção, recompensa, afiliação e interação social.

Terapia assistida por animais
Também chamada de zooterapia, é uma técnica em que os bichos são o ponto central do tratamento. A presença deles facilita o contato entre paciente e profissional de saúde e traz inúmeros benefícios para o praticante, como esclarece a professora de educação física Andrea Gomes. "Quem frequenta a equoterapia é chamado de praticante e não paciente, porque não é uma pessoa passiva, mas responde ativamente aos estímulos do animal."

Fonte : Correio Braziliense


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